Texto: Lenne Ferreira
Cinema para todo mundo. É assim que o Cineclube Fuligem, criado por influência da formação em audiovisual Kilombeduka, iniciou sua trajetória na cidade de Paudalho, Região Metropolitana do Recife. Realizado no Angico Bar e Espaço Cultural, no Centro de Paudalho, o cineclube teve como tema norteador “A poética do corre” levando os espectadores e realizadores a refletirem sobre os atravessamentos que permeiam trajetórias individuais e coletivas.
“A gente trouxe a poética do corre enquanto dispositivo de rompimento dessas lógicas binária e colonial. O corre está nos atravessando a todo tempo”, comenta Luccas Bárcellos, que integrou a segunda turma do projeto Kilombeduka, realizado pelo Cineclube Bamako no Sítio Malokambo, Tracunhaém, onde aprendeu mais sobre os processos de produção audiovisual a partir de narrativas antirracistas. A primeira edição contou com exibição de clipes, uma escolha que levou em consideração o local onde aconteceu o encontro, que é um importante equipamento cultural da cidade de Paudalho.
A curadoria elencou três produções de, no máximo, 9 minutos para a exibição: “Malungo Jundiá, quando a cobra morde o rabo”, realizado por meio da parceria de artistas de Tracunhaém, Nazaré da Mata e Paudalho; "BluesMan", clipe do MC baiano Baco Exu do Blues; e "Boa Esperança", elogiada produção do rapper paulista Emicida. “O cineclube surge como um dispositivo de rompimento dessas esferas de poder e disputa com o intuito de exibir e promover filmes sobre negritude, feminismo, comunidade LGTQIA+”, explica Luccas.
Para Bruno Henrique, mais conhecido como Bui Cabôco, idealizador e gestor do Angico Bar e Espaço Cultural, onde durante anos funcionou o depósito de bebidas do seus bisavós, Manoel e Dona Iraci, receber a primeira edição do cineclube no equipamento, que foi fundado em 2022, representa um momento histórico para a cidade de Paudalho.
“O Espaço foi para muito além do que eu tinha imaginado. A importância de abrigar a primeira edição e iniciativas desse tipo está diretamente ligada ao desenvolvimento municipal e econômico também, já que a economia criativa é um dos setores que mais movimenta a economia do Brasil. Para além disso, movimenta a cabeça das pessoas, instiga as pessoas a pensarem. Paudalho é uma cidade extremamente carente de políticas públicas para cultura, de espaços de lazer, de saúde e socialização. Então um cineclube cumpre essa função de proporcionar esse tipo de espaço para as pessoas”, pontua.
As próximas edições do Cineclube Fuligem, que foi aprovado na Lei Paulo Gustavo, vão percorrer escolas públicas da cidade de Paudalho. Para ficar por dentro das ações do projeto é só seguir a página nas redes sociais: @cineclubefuligem.
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